quinta-feira, 2 de maio de 2013

A nossa maior flor do mundo


   Era uma vez um menino que vivia numa aldeia, que pode ter o nome de Quintãs. Um menino que saiu da história de José Saramago, A maior Flor do Mundo. Este menino morava com os pais, talvez com uma irmã ou um irmão, sabe-se lá, e ainda, diz o autor, com um resto de avós. Seria um quarto, ou dois quartos que é o mesmo que metade, ou três quartos? Disso nós não sabemos, só soubemos que era um resto de avós.
   Um dia este menino, sai pelos fundos do quintal e desceu até ao rio. Não, até ao rio não, porque em Quintãs não há rio, o nosso menino desceu até à estrada de ferro, por onde passam os comboios. Passou um comboio e o menino correu a seu lado, mas do lado de cá da cerca porque o caminho de ferro tem uma rede que nos impede de chegar perto. O menino corre, corre até à África e não a Marte porque Marte é muito longe e o fato que ele tinha do último Carnaval já não lhe servia.
   O comboio fugiu e a linha afastou-se e ele já não corria paralelo a ela. A dada altura o menino estava num antigo barreiro, onde havia uma vinha abandonada, uma casa em ruínas, um prado, com um monte de palha no meio, e um rebanho a pastar. Lá no meio do prado que viu ele? Nem a sorte nem a morte, nem as tábuas do destino… Era só uma flor. (Isto nós roubámos do livro do senhor Saramago). E a flor estava murchinha, mirrada, tombada, morta de sede … e por ali ficou o menino já cansado. Mas como é um menino personagem de história tem que ter uma aventura, fazer bem a alguém, caso contrário não há história.

   Então agora cá vai a aventura do menino. Ele resolve salvar a flor de morrer seca. Então corre, não até  ao rio porque não há rio, nem precisa de descer montanhas porque não há montanhas, nem chega ao rio Nilo porque mesmo ali ao lado, na poça que havia do antigo barreiro, havia um charco com água da chuva dos últimos dias. O nosso menino não se cansa muito,  pois a água está já ali, mas também apanha a água no côncavo das mãos, já que  não tem nenhuma tigela por perto.

   O dia estava quente e o menino pôs-se a dormir a sesta, depois de abastecer a planta com o precioso líquido.
    Entretanto anoitece e a família, em casa, desespera por não ver chegar o menino.
    A aldeia em pânico procura-o. Onde está? Onde não estará? Que lhe terá acontecido?

    E vamos roubar o livro outra vez:
    Foram todos de carreira, subiram a colina (isto não há em Quintãs) e deram com o menino adormecido. Sobre ele, resguardando-o do fresco da noite, estava uma grande e linda pétala perfumada, com todas as cores do arco-íris.

O menino da nossa história apanhou um raspanete, mas os pais estavam muito contentes e gratos por terem o seu filho de volta e acabaram por cobri-lo de beijos. Toda a aldeia ficou em festa.

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